Aos 18 anos, Matheus decidiu fazer uma jornada em busca do primeiro amor. Com dinheiro só de ida, ele partiu de Gravataí, no Rio Grande do Sul, para morar, em Osasco, com uma garota com quem mantinha um relacionamento pela internet há mais de dois anos. Mas essa história de amor não teve final feliz. No caminho, o rapaz acabou bloqueado nas redes sociais pela “namorada” e acabou perdido e com apenas R$ 15 no bolso no Terminal Rodoviário do Tietê, na Capital paulista.
Órfão de mãe, sem saber quem é o pai e em meio a uma verdadeira cilada em uma das maiores cidades do mundo, Matheus entrou em desespero e, sem saber a quem recorrer, entrou em contato e obteve ajuda de um policial militar que lhe deu aulas através do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) no Rio Grande do Sul.
O rapaz chegou no domingo (7) à rodoviária do Tietê. A amada de Osasco não chegava, o bloqueou das redes sociais e o desespero foi aumentando. Ele passou a noite na rodoviária, sendo acalmado, por meio de mensagens, pelo soldado Ávila, da Brigada Militar (como é chamada a Polícia Militar no Rio Grande do Sul).
“Eu de pronto comecei a conversar com ele, orientar, acalmar ele, porque como a gente sabe, São Paulo é cidade grande. Eu falei: calma, que três ou quatro horas (de atraso), na minha percepção, em São Paulo, é quase que chegar no horário. Fiquei acalmando ele: talvez tenha acontecido algum acidente, algum imprevisto e tal”, contou o policial militar, ao jornal “Extra”. “Na segunda de manhã, ele me retornou de novo: ‘bah, ela não veio, não me mandou mais mensagem’. Eu falei: não, continua no banco da rodoviária, fica aí”, continuou.
“Na segunda de tarde, ele já estava desesperado, me ligou chorando: ‘bah, eu acho que caí num golpe. Ela me bloqueou, não fala mais comigo e tal’. Aí eu: não, te acalma que eu vou começar a organizar tua vinda, fica tranquilo”, relatou o soldado Diogo Rafael Ávila de Moura.
Matheus foi recebido na rodoviária de Porto Alegre, na noite de quarta-feira (10), pelo coordenador estadual do Proerd, tenente-coronel Cilon e pelo seu instrutor soldado Ávila. “Quando ele desceu do ônibus aqui ontem, a primeira frase que ele falou, ele me olhou“
Eu, como policial militar, como Proerdiano, que vou nas escolas, desenvolvo esse trabalho, esse projeto, é muito gratificante, porque mostra que eles entendem o objetivo, a ideia da nossa proposta. Numa das últimas aulas, eu falo da rede de ajuda, a quem eles podem pedir ajuda: pai, mãe, tios, primos, policial militar, bombeiro, policial civil”, destacou o soldado Ávila, ao “Extra”. “Então isso pra mim é muito gratificante, porque no momento em que ele mais sentiu perigo, mais sentiu medo, ele ligou pra mim. Ele lembrou lá da minha aula há anos do círculo de confiança, da rede de ajuda, que sempre poderia pedir ajuda a um policial militar”. chorando e falou: eu tinha certeza que o senhor não ia me deixar lá”, contou o policial.