Solidão e força feminina em EP de estreia de Emília Carmona

Emília Carmona

Ritmos afro-brasileiros e latinos se encontram com synths no EP de estreia de Emília Carmona, cantora e compositora de Santa Catarina. Chamado “LaMachi”, o compacto surge com três faixas inspiradas em relações e desafios pessoais da artista e que falam sobre a solidão sob o viés da fé, da paixão e da força feminina. O EP é um lançamento independente e já está disponível nas principais plataformas de streaming.

Ouça o EP “LaMachi”

 “A vontade de produzir um trabalho autoral solo surgiu no meio da pandemia, movida principalmente pelo isolamento compulsório e inevitáveis sentimentos de solidão, medo, perdas. No meio de sintomas de depressão e pânico ainda tinha que dar conta da minha garotinha de 4 anos. Evitando afundar em tristeza, busquei uma maneira de me fortalecer, resgatei composições, passei a escrever mais e automaticamente os escritos foram ganhando formas musicais”, conta Emília Carmona, cantora e letrista.

O título incomum do EP “LaMachi” é o que traz a significância da força feminina para o trabalho. O termo Machi (pronuncia-se má-tchi) é um título de xamã na cultura Mapuche (Chile) e o artigo em espanhol “La” indica que é uma mulher. O termo é uma corruptela associando os dois vocábulos. As Machis são responsáveis pelos rituais de cura e guarda de tradição para os mapuche, elas abrem mão da individualidade para fortalecer a sociedade em que estão inseridas. “Acho que tem a ver com a história de muitas mulheres que sempre abdicam da própria vida principalmente em nome da família.” conta Emília.

 Filha de um peruano e uma brasileira, a cantora usa a referência como uma forma de reverenciar as amizades latinas que surgiram no decorrer de sua história.

 “Por meio da música e da dança estive em contato com estas mulheres que, como minha família paterna, são latinas e estrangeiras quase estranhas aos olhos brasileiros. Isso foi uma grande transformação na forma como me vejo. Passei a perceber feridas familiares e históricas destas mulheres, a reconhecer e aceitar meus traços mais indígenas, a assimilar o espanhol como um idioma que podia me pertencer, entre tantas outras clarezas vindas destes contatos. Uma destas mulheres me presenteou com um anel mapuche com a figura de uma Machi talhada. Daí veio a ideia do nome deste EP que traz toda esta questão da retomada da minha auto estima e coragem.” descreve Emília.

 Além de ser a primeira aventura solo da cantora catarinense, o EP “LaMachi” é uma nova estética apresentada aqueles que já conheciam Emília dos trabalhos anteriores, seja participando de bandas que tocam nas noites “manezinhas” ou no grupo de hip hop Mary Black, em que chegou a gravar discos e sair em turnê. O lançamento do compacto também representa um renascimento de Emília Carmona, agora como uma artista solo.

 “Decidi começar por três músicas cujo mote fosse a solidão: Dengo é sobre saudade de amor, estar só querendo estar junto; Janainoyá é sobre minha solidão e enfrentamentos maternos; E Encantaria nasceu de um mantra que eu criei pra me tirar das brabas crises eventuais onde mesmo sozinha não podia esmorecer.”, analisa Emília.

 Cantora, compositora, locutora e atriz, Emília Carmona é atuante na cena independente de Florianópolis desde 2001 e é relacionada a diversas obras autorais catarinenses. Envolveu-se em projetos como Mary Black (2000-2005), Tijuquera (2006-2010), Projeto Clube da Luta (2007-2010), R5-clássicos de Roberto Carlos (2007-2010), Los Desterros (2018-2021) e Carolino (2019). O EP “LaMachi” foi antecipado pelos singles “Dengo” e “Janainoyá” ambos lançados em 2021.

A produção do EP foi realizada por Mateus Romero, que foi essencial para a produção do EP.

“Mateus e eu trocamos umas mensagens pois eu estava querendo aprender a mexer no software de gravação a fim de me tornar mais independente durante a pandemia, poder gravar em casa, essas coisas. Conversa vai conversa vem, falei das minhas músicas e Mateus se colocou à disposição para iniciar um processo criativo. É preciso dizer que ele foi o empurrão que faltava, nosso encontro foi crucial para me tirar da inércia.”, finaliza Emília.

 O EP LaMachi foi composto por Emília Carmona e contou com mixagem e a masterização de Francis Pedemonte. Participaram também Dani Postal (guitarra em “Dengo” e “Encantaria”) e Nicolas Salazar (naipe de sopros e solo de sax em “Dengo”) e ainda, a honrosa contribuição do historiador e escritor Luiz Antonio Simas (citação em “Encantaria”). A foto de capa é de autoria de Marcos D’Elboux, com arte realizada por Emília Carmona. A produção executiva é da Dalsasso Produtora.

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Confira um guia sobre a maior noite da música, o Grammy 2021 que acontece próximo domingo (14)

grammy2020
63º GRAMMYs Awards, acontece no domingo, 14 de março. Apresentado pelo apresentador do “The Daily Show”, Trevor Noah, o show conterá toda a música e magia que o público espera, ao mesmo tempo em que mantém as precauções de segurança do COVID-19. Os nomeados atuais incluem os maiores artistas da atualidade, incluindo  Beyoncé, Billie Eilish, Coldplay, Haim, Dua Lipa, Taylor Swift, Phoebe Bridgers e muitos outros. Artistas e apresentadores serão anunciados em breve.
Até lá, veja como se preparar para assistir seus apresentadores, indicados e vencedores favoritos do 63º GRAMMY Awards. Saiba mais sobre as diferentes maneiras de assistir ao show do  2021 GRAMMY Awards aqui e leia sobre como experimentar a temporada 2021 GRAMMY na íntegra abaixo.

Participe da GRAMMY Week:
Antes da maior noite da música, a Recording Academy está oferecendo uma infinidade de eventos maravilhosos como parte da GRAMMY Week 2021 . A semana começa na segunda – feira, 8 de março, com o GRAMMY In The Schools Fest , um evento virtual de quatro dias que celebra a música e a educação musical e apresenta apresentações de alunos e profissionais. (Este evento é gratuito para quem se inscrever com antecedência aqui(abre em uma nova guia).) Nesse mesmo dia, o Women In The Mix , outro evento virtual, vai reconhecer as contribuições das mulheres na música e vai amplificar a voz feminina. (Este evento acontecerá publicamente em GRAMMY.com.)
Grammy 2021
Na quarta – feira, 10 de março , a celebração da semana GRAMMY do Coletivo Inaugural de Música Negra apresentará uma série de conceituados criadores de música negra e profissionais conhecidos por amplificar as vozes negras na música e além. (Este evento pode ser visto em GRAMMY.com.)
Na quinta – feira, 11 de março , junte-se ao evento GRAMMY U Masterclass With Tayla Parx enquanto ela discute sua arte de escrever canções e experiência da vida real como uma artista multifacetada. (Este evento pode ser visto no canal da Recording Academy no Facebook(abre em uma nova guia).) No mesmo dia, a Celebração do 20º aniversário da Ala de Produtores e Engenheiros , um programa privado de uma hora, celebrará o marco de 20 anos da Ala de Produtores e Engenheiros da Recording Academy .
Na sexta-feira 12 de março , MusiCares ” Music On A Mission fundraiser virtual irá honrar a resiliência da comunidade de música, que foi profundamente impactado pela COVID-19 pandemia. Nesse dia, a 23ª Annual Entertainment Law Initiative , um evento privado, irá homenagear a Black Entertainment and Sports Lawyers Association (BESLA). Confira a lista completa de indicados ao GRAMMYs 2021 aqui
Cerimônia de estreia:
Antes da transmissão do GRAMMYs, certifique-se de ir aos bastidores com GRAMMY Live. Em primeiro lugar, a 63ª Cerimônia de Estreia dos Prêmios GRAMMY acontecerá no domingo, 14 de março, e será transmitido ao vivo internacionalmente via GRAMMY.com . Apresentado pelo atual três vezes indicado ao GRAMMY, Jhené Aiko, a Cerimônia de Estreia contará com apresentações dos atuais indicados ao GRAMMY, incluindo Burna Boy, Terri Lyne Carrington + Ciências Sociais, Jimmy “Duck” Holmes , Igor Levit, Lido Pimienta, Poppy, Rufus Wainwright e muitos outros. A Cerimônia de Estreia também é onde iremos premiar mais de 70 GRAMMYs em gêneros musicais que vão desde clássico e jazz a R&B, música global e muito mais.
Assista ao 63º GRAMMY Awards:
O único lugar para assistir a Biggest Night da música é na CBS, CBS All Access e Paramount. Durante a transmissão, visite GRAMMY.com durante a noite para assistir aos discursos de aceitação e entrevistas com os vencedores da noite.

Suricato se junta a Vitor Kley no lançamento do single “A dois”, que chega acompanhado de clipe

Vitor Kley e Suricato

Após ser indicado ao GRAMMY® Latino pela segunda vez consecutiva e lançar três álbuns somente em 2020, o carioca Suricato se juntou ao gaúcho Vitor Kley em uma parceria inédita para o lançamento do ensolarado single “A dois” (Ramon Matheus/ Ébano Machel), faixa que aproxima os mundos dos dois artistas e presenteia o público com um som leve e potente. Ouça e baixe aqui: https://umusicbrazil.lnk.to/ADoisPR . A nova canção chega acompanhada de um videoclipe, gravado em duas praias diferentes do litoral brasileiro, com direito a muito pé na areia e coração em alto mar. “A dois” está em todas as plataformas de música e o clipe já está disponível no canal oficial do Suricato no YouTube.

Apesar de a colaboração entre Suricato e Kley ser novidade, a música “A dois” é, na verdade, uma regravação da faixa homônima de uma banda independente chamada “Tem Amor”. Fã declarado de Vitor Kley, Suricato não hesitou em chamar o cantor para uma emprestar sua voz para essa nova versão do single.

“Na turnê do disco ‘Na Mão as Flores’, eu cedia o espaço de abertura para até seis artistas se apresentarem. Era lindo. Entre eles, uma banda chamada ‘Tem Amor’, que eu já conhecia e adorava. Escutei a música ‘A dois’ em um pocket show deles e amei. Como normalmente componho meu repertório sozinho, achei que seria maravilhosa a ideia de gravar uma canção de um artista independente. O Kley foi minha primeira opção, amo o trabalho dele e ele adorou a música. Ele é um cara que é sinônimo de sol é sempre bom ter por perto”, revela Suricato.

Honrado pelo convite, Vitor já sentia uma conexão forte com Suricato, mesmo antes de conhecê-lo. “O Rodrigo me mandou uma mensagem dizendo que tinha um som que era a minha cara, a minha vibe, e eu fiquei muito feliz! Tenho uma admiração musical por ele muito grande, então, nós já estávamos conectados antes mesmo de nos conhecermos. Acho que quando as pessoas se admiram artisticamente os universos já se aproximam muito“, conta Vitor Kley.

Com a regravação de “A dois”, Rodrigo, à frente do projeto que leva seu sobrenome, “Suricato”, apostou em um som mais brasileiro, mas com pegada. Na letra, o público poderá identificar trechos que enfatizam a importância do outro e versos que falam de amor e afeto. Em tempos nos quais a intolerância e o discurso de ódio ganham força, sobretudo na internet, “A dois” ostenta em sua letra a esperança e a união.

“Esse som vai levar esperança, união e leveza. Acho que quando dois artistas colaboram, já é sinal de união, coisas boas, respeito e amizade. E acho que o mundo sempre precisa disso, não só neste período caótico que estamos vivendo. As pessoas precisam se unir, lutar um pelos outros, estender a mão. Precisamos fazer isso por uma questão de humanidade, pelo bem das próximas gerações. Tenho certeza de que ‘A dois’ será uma companhia maravilhosa para dias complicados, dias de solidão das pessoas e até para mim mesmo”, diz Kley.

Para combinar com uma canção leve, nada mais justo do que um clipe ameno e suave. “Eu queria um clipe ao ar livre, sem nenhum conceito moderninho produzido para dar atmosfera hype. É a simplicidade da natureza com dois artistas que se interessam por ela e por boas canções”, explica Rodrigo.

O novo single de Suricato e Vitor Kley contou com uma participação pra lá de especial, que deu à canção uma nova roupagem. Convocado por Suricato, o público pode dar pitacos e opinar no resultado final de “A dois”. O processo colaborativo deu tão certo que o músico pretende repeti-lo em trabalhos futuros.

“Estou cada dia mais aberto aos processos colaborativos, pois me percebo mais seguro de mim. Um dos meus maiores propósitos é compartilhar informações com artistas independentes e o meu público. Sempre digo que ‘o processo é a própria arte’ e, por isso, achei boa ideia abrir a caixa preta do meu trabalho para as pessoas opinarem. Arriscado, nada pop, mas não me arrependo”, explica.

Recentemente, a pandemia do coronavírus completou um ano no Brasil. Neste período repleto de incertezas, cancelamento de shows e isolamento social, Suricato fez o que nenhum outro artista nacional conseguiu. Só em 2020, ele lançou um número impressionante de três discos e um single, sendo seu ano mais produtivo. Também não teve essa de bloqueio criativo para Vitor Kley, que usou a quarentena para escrever sobre a saudade e a falta e aproveitou para ficar com a família.

A admiração mútua e o respeito entre os dois artistas é antiga, mas fica ainda mais evidente em “A dois”. A potência e bagagem musical de Suricato misturada com a positividade do autor do hit “O sol” resultou em uma versão espontânea e autêntica.

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