Livro de Cibele Laurentino é um grito de esperança por um mundo mais igualitário

Cibele Laurentino

A literatura foi a maior herança deixada pelo saudoso poeta e cordelista nordestino Zé Laurentino, não só para o Brasil como para a filha Cibele. Agora ela segue os mesmos passos do pai para contribuir com a literatura nordestina e brasileira.

No romance de estreia Nobelina, lançado em 2021, a escritora Cibele Laurentino retrata a vontade das mulheres brasileiras, ao longo dos tempos, de promover mudança em busca de igualdade de gênero.

O livro conta a história desta jovem e humilde mulher negra, que sonha em ser professora, mas precisa lidar com as imposições do pai: casar e ser dona de casa para servir o marido. A protagonista é um redesenho do poema “Eu, a cama e Nobelina”, escrito por Zé Laurentino na década de 60.

Em entrevista exclusiva, Cibele conta sobre a nova obra e também como foi crescer próxima a um grande exemplo no universo da literatura. Confira:

1. Quando e como surgiu sua paixão pela escrita?

Cibele Laurentino: Cresci muito próxima do exemplo do meu pai, sendo ele sensível, poeta popular, cordelista e locutor de rádio. A admiração e paixão por ele me incentivaram a querer fazer tudo que ele fazia, troquei contos de fadas por literatura de cordel, cantigas de ninar pelo som da viola, clássicos da literatura infantil por Leandro Gomes de Barros, Patativa do Assaré…

Sempre li muito e, consequentemente, sempre escrevi muito. Fui autodidata em datilografia, queria ajudá-lo no preparo dos seus textos para envio à gráfica. Queria escrever como ele, queria usar suas palavras. Lembro nitidamente uma vez, no ensino médio, a professora pediu uma redação e escrevi toda no dialeto matuto. Ela me chamou a atenção e para me defender exclamei: meu pai é escritor e é assim que escreve!

2. Como surgiu a oportunidade e motivação de escrever “Nobelina”?

C. L.: Uma manhã acordei cansada de tanta saudade, vivendo um luto sem fim e me debrucei na poesia de Zé. Chegou na literatura de cordel “Eu, a Cama e Nobelina”, uma poesia já muito ouvida por tantas vezes, por tantos anos. Uma poesia que levantou tanto riso, tantas graças nas noites de cantoria, nos festivais de viola. Parecia ser a primeira vez que Nobelina havia me emocionado e pensei: quem seria essa mulher?!

O romance cresceu na minha cabeça de uma só vez, ele veio inteiro naquela manhã. Me emocionei, comecei a escrever e a cada chegada dos personagens eu me emocionava. Não programei nada, os recebi e coloquei no papel. Apenas silenciei respeitosamente e recebi a inspiração às minhas inquietações sociais.

3. Qual é a principal mensagem que o seu livro traz aos leitores?

C. L.: A educação, a história, costumes, folclore, cultura, preconceitos, homofobia, violência contra a mulher, racismo. Além das diferenças sociais, o convívio, conhecimento e como a educação pode mudar uma nação; Só a educação pode te levar onde você desejar ir, ser quem quiser ser.

4. O livro é, sobretudo, uma crítica social e aborda temas de importante debate. De que forma você acredita que a sua obra pode ajudar a fazer a diferença na sociedade?

C. L.: A arte, a literatura com sutileza, sem deixar de ser literatura pode passar a mensagem desejada. A partir do meu texto, discussões e reflexões têm acontecido, muitos debates, mudanças, esclarecimentos. Minha intenção é que cada vez chegue até mais pessoas, às escolas em especial, sendo uma ótima sugestão como paradidático.

5. Da vida e carreira do seu pai, grande poeta paraibano Zé Laurentino, o que em especial você leva de inspiração para a sua carreira literária?

C. L.: A simplicidade do texto, a palavra mais direta, breve. A sensibilidade de se inspirar em coisas do cotidiano, a atenção, o silêncio, a observação no comportamento humano no universo.

6. Além de “Nobelina”, você também assina um livro de poesias intitulado “Cactus”, lançado em 2020; tem outros projetos literários em mente para o futuro? 

C. L.: Sim, meu primeiro livro foi Cactus, um livro de poesias, lançado em e-book e agora também físico, pela Nativa Editora, depois meu primeiro romance – Nobelina, pelo Grupo Editorial coerência, agora um livro de contos voltado para o feminino – “Todas em Mim” que sairá em Abril/2022, também pelo Grupo Editorial Coerência. E já no processo de escrita meu novo romance.

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Marvel anuncia lançamentos dos novos filmes em vídeo com prévias inéditas

A Marvel Studios divulgou um vídeo que celebra seu universo cinematográfico e mostra os lançamentos dos próximos longas. Além das primeiras cenas de “Os Eternos”, a prévia também confirmou o título de Pantera Negra 2: “Wakanda Forever”.

Confira:

  • Viúva Negra: Julho de 2021
  • Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis: Setembro de 2021
  • Os Eternos: Novembro de 2021
  • Spider-Man – No Way Home: Dezembro de 2021
  • Doutor Estranho no Multiverso da Loucura: Março de 2022
  • Thor – Love and Thunder: Maio de 2022
  • Pantera Negra – Wakanda Forever: Julho de 2022
  • The Marvels: Novembro de 2022
  • Homem-Formiga e a Vespa – Quantumania: Fevereiro de 2023
  • Guardiões da Galáxia Vol. 3: Maio de 2023
  • Quarteto Fantástico: Sem Data

Alexia Annes concorre com 3 projetos ao Quarentena Film Festival

Alexia Annes
Com a pandemia muitas profissões precisaram se adaptar às novas formas de produção e trabalho. Na arte e audiovisual não foi diferente. A roteirista, diretora e atriz Alexia Annes trabalhou, de forma remota, em alguns projetos durante o período de isolamento social em que vivemos há mais de um ano, como os curtas-metragens “Culpa e Preconceito”, “Attention Please” e a webserie “Lara Toc Toc”, que ganharam reconhecimento e estão indicados ao festival Quarentena Film Festival.
Possibilitando um maior reconhecimento desse novo formato de trabalho, o Quarentena Film Festival premia diversos projetos realizados durante a quarentena e que tenham respeitado todas as diretrizes indicadas para evitar a propagação do vírus da Covid-19.
De acordo com a página oficial do festival, o evento surgiu da vontade de continuar criando e a vontade de união em um momento onde nunca encontravam-se tão afastados. “Ele surge como uma luz em uma mente resiliente. Ele surge em um momento de cuidado, purificação e carinho” – citação retirada da página do Quarentena Film Festival.
 “Culpa e Preconceito”, “Attention Please” e a webserie “Lara Toc Toc” concorrem em categorias técnicas, que contarão com uma banca de profissionais da área para a decisão final, e ao voto popular. A votação acontece até o próximo dia 22 de maio.
“Estar com indicações nesse festival está sendo incrível. O Festival é maravilhoso e motivador. Além disso, através do cinema, muitas mulheres podem contar a sua versão da vida e seu ponto de vista da sociedade. Passamos centenas de anos tendo nossas histórias contadas por homens. Estou feliz de estar participando dessa edição”, afirma Alexia.
Alexia integrou ao elenco do curta “Attention Please” e da webserie “Lara Toc Toc”, tendo também dirigido, roteirizado e produzido as tramas. Em “Culpa e Preconceito” a artista roteirizou e dirigiu o projeto. A produtora de audiovisual independente Batom Produções, a qual Alexia também é proprietária, é a responsável pela trama.
“Trago 3 obras completamente diferentes e através do festival posso exibir as vertentes do meu trabalho ao público. O mercado cinematográfico ainda é um ambiente com homens na liderança das produções, poder estar entre os selecionados é gratificante demais”, aponta a artista.
Além de estar em um festival com 3 diferentes projetos e ocupar um importante espaço como mulher à frente de produções audiovisuais, Alexia também reconhece a necessidade do festival em tempos de pandemia, em que muitos projetos maiores precisaram ser adiados, gravações canceladas e artistas precisando se reinventarem para continuarem produzindo, atuando e vivendo da arte.
“O Quarentena Film Festival é muito importante, pois mostra o trabalho de cineastas que trabalharam durante a pandemia, respeitando as restrições da covid-19, produzindo filmes realizados de forma remota. Sempre gravando em locais fechados e respeitando o isolamento social, preferencialmente todos de casa. Para continuarmos trabalhando, precisamos reinventar e produzir”, completa Alexia.
A votação popular já está aberta. Para votar em “Attention Please”, “Culpa e Preconceito” e “Lara Toc Toc”, clique AQUI.

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